Dois dias... dois malditos dias já se passaram e ainda estamos presos aqui.. ontem de manhã tive que percorrer a conveniências atrás de um banheiro.. com o facão na mão direita e a faca de cozinha na mão esquerda, segui pelo pequeno corredor que havia nos fundos do estabelecimento..
.. O corredor devia ter uns cinco metros apenas e no fundo haviam duas portas fechadas.. a da direita estava trancada e a da esquerda era o banheiro.. um banheiro simples, porém estava limpo.. A partir dai, trouxemos nossas coisas para o corredor e lá forramos o chão com um cobertor que minha mãe havia pego do carro.. por sorte havia também bastante garrafas de água mineral no freezer.. Fiquei com receio de tentar abrir aquela porta trancada e como estavamos bem ali, prefiri mante-lá assim.
Antes de dormir à noite, fiquei pensando o que poderia ter ocorrido com meus outros parentes e amigos.. aqui em Campo Grande não tenho muita família, porém, minha preocupação com eles também era grande..
.. Outra coisa estranha, era o fato de eu não ter visto mais nenhuma daquelas criaturas lá fora desde aquela vez.. uma hipótese que pensei é o fato de que, durante o ínicio do caos, muitas pessoas teriam tentado fugir para as saídas da cidade ou para lugares como a base aérea, o exército e o aeroporto, onde poderia haver mais proteção, fazendo com que aquelas criaturas os seguissem até la.. deixando lugares como este onde estou, vazios. Talvez o dono e os funcionários desta conveniências e do posto haviam partido, deixando a porta apenas encostada..
Nesse momento pensei em uma amiga que mora la perto.. ela vivia me dizendo, quando conversavamos sobre zumbis, que se um dia acontecesse, a casa dela era bem resistente e seu vizinho estava praticamente construindo uma "fortaleza".. isso me propiciou um pouco mais de alívio, pois pelo menos ela, eu sabia que estava bem.
.. Quando acordei hoje, dei uma volta de forma discreta pela conveniências e encontrei um pequeno rádio atrás de um armário.. liguei-o e tentei encontrar uma frequência funcionando.. fui passando até ouvir uma voz.."Estamos refugiados no Guanandizão e somos ao todo nove pessoas aqui.. trancamos todas as portas e temos bastante suprimentos e algumas armas.. se estiver ouvindo isso, venha até aqui.. um dos sobreviventes está no telhado observando o movimento.. por favor, venham se juntar a gente e traga mais mantimentos se possível.."..
O Guanandizão é uma quadra fechada de futsal e não estava longe daqui.. vi ali uma chance de deixar minha família em segurança.. chamei minha mãe e preparamos as coisas.. estou com medo de sair lá fora, mas é necessário.. então, se tudo der certo, logo voltarei a escrever..
Luiz Paulo M. de Souza
Campo Grande - MS, 16:10h do dia 20 de julho de 2009
sábado, 25 de julho de 2009
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Luiz Paulo
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