Campo Grande - MS, 23:18h do dia 9 de agosto de 2009

A situação encontra-se desesperadora, a comida ameaça acabar e uma nova (e arriscada) ida ao mercado torna-se necessária, esperamos ansiosamente que nasçam as plantas que começamos a cultivar no espaço de terra que dispomos, plantamos abobrinha, quiabo, tomate, pepino, mandioca, cenoura e couve, nossa sorte é que a casa ocupa somente um dos dois terrenos murados, e que há uma imensa mangueira carregada de flores, que dentro de poucas semanas começará a produzir frutos.

As plantas começaram a aparecer e a duas das nossas coelhas estao prenhas, logo teremos carne também. Meu tio insistentemente fala de irem novamente até o mercado ver se ainda resta alguns mantimentos, penso que seria uma empreitada suicida, já que as chances de terem sobreviventes ou uma horda de zumbis ocupando o local é enorme.

Durante esses dias, um desses monstros quase conseguiu entrar em casa, ele parecia ser um pouco mais inteligente do que esses idiotas q ficam rondando as casas e correndo logo que avistam algo ou aguém se mexendo, os telefones ficaram mudos a alguns dias, não tenho mais comunicação com meu namorado em Goiânia e isso me deixa apreensiva, será que ele estava trabalhando logo que começaram os ataques? Ele é farmacêutico num posto de saúde, as chances de estar infectado são enormes, e o meu medo era de que ele pegasse a gripe H1N1.

Durante a noite, ouvimos, vez ou outra, um portão sendo arrombado e gritos, sempre que isso ocorre, um suor gelado toma conta de todos, as crianças parecem perceber que a rotina delas mudou, talvez para sempre. O único barulho quase que constante vem dos gemidos horripilantes desses seres, mas a rua não parece tomada por esses monstros, eles parecem rumar para o centro da cidade e nós esperamos a hora certa de tentar escapar desse inferno.

Enquanto isso, nos apegamos as orações e preces, pedindo proteção a todos os que amamos, mesmo sabendo que a maioria pode estar na situação dos nossos "amigos" canibais.

Alinny Karen Bachi Rehbein

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