Porto de Manacapuru - AM, 20:40 do dia 17 de julho de 2009


Logo depois que ligaram a TV iniciou-se um alvoroço pela casa. Estava no meio do Jornal Nacional e o Willian falava com uma expressão mais grave que de costume em notícias ruins. Ou pelo menos foi assim que me contaram. Eu estava tocando violão quando a discussão que teve início. O que seria a tal doença infecciosa? Alguns diziam que era um surto de raiva, outros que era a correria da cidade que deixava as pessoas assim, “estressadas”. Sem entender muito, perguntei o que estavam discutindo e eles contaram sobre pessoas atacando outras pessoas, das imagens chocantes dos jornais. Homens que pareciam bichos. A mulher do caseiro disse que era o demônio tomando conta das pessoas. “É o fim dos tempos”, dizia.



Jorge, meu amigo, decidiu que deveríamos voltar a Manaus imediatamente pra ver a dimensão real da situação, pois a tal infecção está se alastrando com muita velocidade e já havia casos em várias cidades do estado de São Paulo e nas principais capitais. Arrumamos as mochilas e andamos até o barranco à beira do Solimões onde esperamos a lancha pra atravessar o rio. Ficamos todos tensos, calados, olhando o rio imenso. Um grupo de botos passou mais adiante, arrancando um sorriso e dando assunto pra uma breve conversa.



Na lancha, o rapazinho que nos conduzia perguntou se já sabíamos da notícia. Disse que em Manacapuru até o prefeito já tinha feito um pronunciamento na TV. Todos estão muito alarmados aqui no porto, onde espero o meu amigo que foi buscar o carro na casa de um parente. Aliás, ele já vem vindo.



Deus nos proteja do pior.

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