Campo Grande - MS, 23:47h do dia 17 de julho de 2009

Está escuro aqui, mas ainda entra um pouco do luar, o que facilita com que eu escreva.. Atrás deste balcão a segurança é quase nula, mas foi o único lugar que encontrei quando eles apareceram...

..Após sair de casa com minha mãe e irmã, dirigi pela a av. Bandeirantes completamente desorientado e sem saber onde ir.. onde estaria seguro? Onde eu poderia garantir que minha família estaria a salvo? Estas perguntas se mantinham constante em minha cabeça... olhando no retrovisor eu ainda enchergava muita fumaça vindo na direção do hospital.. podia ouvir gritos de desespero daquelas pessoas, mesmo sem ter presenciado...

As ruas pareciam desertas, um tanto estranho, pois numa situação dessa é de se imaginar que as pessoas queiram fugir.. vejo mais três carros logo a frente seguindo em uma velocidade média e quando o primeiro avança o sinal, outro carro vindo no sentido perpendicular o acerta.. a cena se passou tão rápido que a única coisa que vi foram dois corpos, aparentemente pendurados no carro que vinha correndo, voando na direção de uma loja, destruindo a vitrine com o impacto..

Eu e os outros dois carros freiam antes de acertar o primeiro.. Dois homens saem de um corsa e uma mulher sai do vectra que estava poucos metros à minha frente.. ainda tremendo com o susto, minha mãe pede que eu permaneça dentro do carro, pois ela repara que os corpos inicialmente jogados para dentro da loja, estão saindo em nossa direção... Buzino para os outros motoristas que estão na rua que logo se dirigem aos seus carros.. engato a ré e saiu do local, porém, ao andar cerca de uma quadra, algumas pessoas completamente descontroladas dominam a rua atrás de nós..

Sem alternativas, subo a primeira rua e sigo em direção à um posto de gasolina.. paro o carro e desço com o facão na mão para verificar se está seguro.. tremendo de medo e sem saber ao certo o que estou fazendo, entro na conveniências, um tanto escura e silenciosa.. mas por sorte, estava vazia...

Após levar algumas coisas para dentro, eu e minha mãe empurramos um freezer pesado até a porta, impedindo que seja aberta pelo lado de fora

Luiz Paulo M. de Souza

0 comentários:

Postar um comentário