Campo Grande - MS, 22:30h do dia 17 de julho de 2009

Sempre me arrepiei com os plantões da TV, mas agora eles são tão constantes que não me causam mais angústia. Dessa vez falam de uma explosão no hospital, não sabem o motivo, mas a região está um caos, a saída para Sidrolândia está interditada e as pessoas estão descontroladas, a polícia mais uma vez pede que as pessoas não saiam de casa e não abram a porta para ninguém.

Continuo não vendo movimentação na rua, essa ausência de vida me assusta. Desço da árvore para comer algo e usar o banheiro, o sono não vem, mas não sou a única que não consegue dormir, os únicos que descansam a sono solto são as crianças e os velhos, nesse momento eu invejo a tranquilidade dos ignorantes, alguns adultos estao incrédulos ainda, meu pai tem esperanças de tudo se normalizar amanhã e ele poder comprar mantimentos, pareço ser a única a saber que o pior está por vir.

Não comento nada para não criar pânico, mas sei que a ameaça ainda não foi vista, quando eles se derem conta de que nosso único inimigo é o tempo, não sei quanto tempo restará de tranquilidade. Sempre tive dificuldades de viver o presente somente, sem planejar o futuro, e agora eu não enxergo um futuro, pelo menos não num mundo em que eu estava acostumada.

Sinto que está cedo para propor vigilia, tenho vontade de pedir que durmam agora porque não sei quando teremos uma noite tranquila, minha cabeça não pára, o que fazer se a casa for invadida? O que fazer se alguém for infectado? Que medidas tomar caso precise fugir? Como carregar duas senhoras de quase 90 anos e uma criança de 7 meses? Cresce a vontade de dar um tiro na cabeça e acordar desse pesadelo.

Alinny Karen Bachi Rehbein

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