Campo Grande - MS, 21h do dia 17 de julho de 2009

Não conseguirei dormir, a adrenalina é maior e me deixa acordada, as crianças já dormiram de cansaço, minha vó não deu notícias ainda, meu pai planeja com os outros homens sair para buscar mais mantimentos amanhã.

Ouvimos na rádio que uma pessoa havia sido levada para o hospital regional com convulsões, ele havia chego de São Paulo a pouco mais de um dia. A TV disse que ele teve parada cardio-respiratória e após voltar não apresentava os sinais da convulsão mas sim uma raiva parecida com a raiva canina e atacou enfermeiras e médicos, que por sua vez, em algum minutos apresentaram os mesmos sintomas.

Militares foram enviados para conter as pessoas, médicos pediram que a populaçào não entre em contato com estranho de comportamento violento ou dê abrigo a pessoas machucadas, imagina-se que a contaminação se de através do contato com a saliva e/ou sangue dos infectados, não sabemos se só humanos são hospedeiros desse organismo ou outros animais podem transmitir essa doença.

Após essa notícia, fiquei com medo até dos coelhos que meu pai trouxe da chácara da minha avó, ele disse que seriam úteis, já que se multiplicam rapidamente, sua carne é saborosa e nutritiva e são silenciosos. Estou em cima da árvore ainda, esperando para ver se acontece alguma coisa, um misto de ansiedade e medo me deixam nervosa demais para dormir.

Lembro de mandar um torpedo para meu namorado, será que em Goiânia está o mesmo caos? Ele mora em um prédio, isso o protegerá. Mando uma mensagem pedindo que ele fique em casa e não abra a porta para ninguém e assim que puder me dê notícias.

Meu pai acha que temos suprimento suficiente para um mês e meio, dois talvez e graças a Deus o vizinho possui poço artesiano, não sabemos quanto tempo ficaremos em nossa fortaleza. Daniel, o vizinho que abrigamos diz que está disposto a buscar munição para as armas, ele tem dois filhos pequenos e muito medo do que possa acontecer.

Alinny Karen Bachi Rehbein

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