Campo Grande - MS, 20:36h do dia 20 de julho de 2009

Muitas coisas aconteceram desde que a infecção começou. Meus tios e meu irmão conseguiram voltar do mercado, gastaram 17 tiros da cartucheira e quase deixaram um desses monstros entrar em casa quando guardavam o carro.

O medo no rosto deles, assim que chegaram era aterrorizante. Disseram que quando avistaram o mercado a porta de ferro estava aberta como uma lata de sardinha e as comidas das prateleiras reviradas, no açougue, as carnes estavam azuladas e algumas apresentavam marcas de mordidas, havia sangue para todos os lados.

Eles disseram que não tiveram tempo de examinar muitas coisas, nem ver se haviam sobreviventes, abriram sacos pretos de lixo e começaram a colocar o que encontravam, nem sequer liam o que era, pegaram caixas de leite longa vida e latas de leite ninho para o bebê e as crianças pequenas, pegaram carne-seca, os legumes, verduras e frutas que ainda estavam bons e nesse desespero viram chegar do fundo do mercado um desses seres, que correu como um foguete para cima deles.

Mais do que rapidamente, meu irmão deu um tiro, a princípio nas pernas do monstro, mas ele não caiu, continuou a vir, então meu tio gritou: "mire na cabeça!" e foi o que meu irmão fez e deu fim no bicho, entretanto os tiros chamaram a atenção dos que estavam ao redor, a desgraça é que existe um condomínio, com prédios nas redondezas, e foi exatamente desses locais que começaram a aparecer os monstros, não demorou muito para que eles percebessem um portão aberto.

Meu tio disse que o grito que eles emitem quando enxergam uma presa, no caso nós, é horrível, e todos os outros respondem ao chamado.

Quase não deu tempo de entrarem no carro e um se jogou no capo, cospindo sangue em cima do pára-brisas, meu irmão ficou com tanto medo que não conseguia ligar o carro. Ele rodava a chave e nada, enquanto isso chegaram outros e começaram a arranhar os vidros e meu tio começou a gritar e ameaçou atirar, e foi exatamente o que ele fez, atirou em um, em dois, em um grupo, os anos de PE (Polícia do Exército) foram úteis, e quando um estava quase alcançando o braço do meu irmão pelo vidro quebrado, o carro voltou a funcionar e eles correram para casa.

Essa fuga não foi a melhor coisa, eles deveríam dar uma volta no quarteirão para despistá-los, mas o medo falou mais alto e eles foram seguidos até a nossa fortaleza.

Quando abrimos o portão para que entrasse o carro, um pulou em cima do capo e quase entrou junto, sorte que o seu Manuel, ex-militar aposentado, atirou e acertou o infeliz que caiu próximo ao muro, o carro entrou e fechamos o portão, não sem antes um susto de ver uma cara daquelas bem próxima ao meu rosto, quase me mordeu o desgraçado.

Meu corpo tremia todo, a adrenalina tomou conta de mim e eu fiquei em choque uns minutos, até voltar ao normal, é uma experiência que não desejo ter nunca mais, apesar de duvidar que não ocorra novamente.

Alinny Karen Bachi Rehbein

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