Campo Grande - MS, 07:03h do dia 17 de julho de 2009

Acordei cedo com a movimentação na minha casa, minha mãe desesperada ligando para minha avó em São Paulo para ver se ela esta entre os infectados pela misteriosa doença e pede que ela nao saia do prédio onde mora meu primo.

Ligo a TV e vejo imagens de pessoas como se estivessem numa espécie de transe, correndo atrás de outras pessoas, isso me lembrou de algo que sempre temi, uma doença que fizesse com que perdessemos a noção de "ser humano" e nos transformasse em animais raivosos. Sem pensar duas vezes, convenço meu pai a buscar minha outra avó e minha bisavó, que moram numa chácara fora da cidade, antes que ela seja tomada pelos infectados.

Falo para minha mãe arrumar todos os mantimentos, colocar tudo em caixas dentro do carro, enquanto atravesso a rua para conversar com meu vizinho, faz um tempo que percebo que as reformas feitas em sua propriedade, transformaram a casa toda, que ocupa três terrenos sendo um deles de esquina, em uma fortaleza, muros de mais de três metros de altura e cerca eletrificada, portões de ferro com sistema eletrônico, um quintal enorme de terra com uma mangueira, que poderia servir de observatório para a rua e grades de ferro nas portas e janelas.

Observo a minha casa, apesar de ser bem protegida, com muros altos e portão de ferro, a casa ao lado nao tem proteção suficiente, o portão é fraco e lá moram minha tia-avó e minha outra bisavó. Corro ate lá e peço que façam o mesmo com seus pertences e mantimentos.

Ligo a TV, São Paulo continua um caos, aeroportos fechados, mas há suspeita de que o vírus tenha se espalhado para outras cidades. Moro perto da base aérea e nesse momento, vejo a movimentação militar nas ruas, decretando toque de recolher e os aviões passando em cima de casa. Sorte que a família do meu vizinho é de São Paulo e eles nao virão tao cedo para cá, levamos os carros e mantimentos até a casa dele, fechamos a nossa casa e esperamos meu pai chegar.

Vou até o guarda-roupas e pego as duas espingardas e o 38, pego munições, ligo para meu pai e peço que ele não se esqueça da espingarda do meu avô e do revólver dele, juntamente com as balas. Ele chega em menos de uma hora, no momento exato em que o governo decreta estado de emergência, com outras capitais do País sendo destruidas, e alertando que em poucas horas quase todas as grandes cidades do Brasil estariam com pessoas infectadas.

Desligo a TV e percebemos o caos nas ruas, todos buscando lugares para esconder, a maioria das pessoas correndo para chácaras, tolas, lá serão alvos fáceis, coloco minha família em segurança, encostamos dois carros no portão, assim ninguém, nem morto nem vivo conseguirá derrubá-lo, barras de ferros e pedaços de madeira são utilizados nos portões menores, a ordem é não abrir para mais ninguem, por mais desesperado que possa parecer.

Dentro de poucas horas as ruas tornam-se desertas, as pessoas estão dentro de casa ou tentando fugir da cidade. Somos ao todo 21 pessoas dentro do terreno, temos cinco idosos e cinco crianças entre nós.

Alinny Karen Bachi Rehbein

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